Trecho do Antônio
Você é
mais bonita do que todas as coisas bonitas. É mais bonita que o mar
quando ancora no cais do seu coração que, no peito, leva e traz amores
distantes, e saudades eternas dos nossos próximos instantes. E, quando a
vejo na beira do caos, você se aproxima e, meio sem jeito, me pede um
cigarro, um isqueiro, um lenço, um beijo e um imenso abraço. Depois, me
deixa a ver vazios. Eu embarco no último navio e atraco na grandeza do mundo que nos separa.
Adeus!
Seus abraços não me tocam mais. Nossas bocas não se trocam mais. Suas
palavras não me emocionam mais. O que você endeusava, se humanizou. O
que você sangrava, se estancou. O que você feria, cicatrizou: é o que
você queria, é o que você queria… E o que você tanto amava se evaporou
aos prantos entretanto o que você procurava ainda não a achou. Sequer
ouço seus ossos quebrando de saudade. Amar você agora é o de menos.
Parece que a esqueci.
Mentira!
Ainda sinto a sua
falta. Ainda tateio o seu seio invisível no vazio deste quarto. Ainda
trepo com o seu fantasma. Não porque você é mais bonita do que todas as
coisas bonitas, mas porque você cabe tão bem no que eu sinto, cabe
também no que eu minto. A grande verdade, pequena, é que você é mais
bonita do que a verdade.
[Você é mais bonita do que todas as coisas bonitas [parte 1]; antônio]
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