sábado, 25 de dezembro de 2010

SOBERANA.



Apenas para deixar declarada a minha indignação frente a todas as situações as quais fui submetida a viver, sem de fato merecer é que registro os meus indigestos.
Por todas as palavras (mal) ditas, que simplemente 'entraram queimando e sairam dilacerando'.
Por todas as acusações falsas, cheias de maldade e sem pé ou cabeça.
Por todos os momentos em que, (burra), estive em sua mão, sendo sutilmente conduzida a ter as reações certas, que de certas nada tinham. Só serviam para me deixar mais nua.
Porque é assim q estou. Larguei todas as minhas roupas pelo caminho.
Primeiramente retirei os meus calçados. E eles representavam minha proteção e segurança.
Retirei o meu casaco, e ele era a bagagem que eu tinha das experiências passadas, que me servia de fonte aquecedora para saber o que fazer com situações similares.
Retirei minhas meias, e elas eram a proteção contra a sujeira dos terrenos áridos que as vezes passamos. Ela me protegia dos espinhos, das pedras e farpas.
Em seguida,fui obrigada a tirar minhas calças. E elas eram minha vergonha na cara.
Sem vergonha na cara, ficou mais fácil passar por tudo.
Quando achava que ok, já estava bom, minha blusa foi rasgada de mim. E ela, bom... elas eram a minha dignidade. A dignidade que me era necessária nas horas em que eu precisava me revoltar. Sem dignidade eu me tornei passiva.
Assim, caminhando seminua pela vida, sem bagagens, sem segurança ou proteção, sem vergonha na cara e dignidade eu sentia frio e solidão.
Chegou num ponto em que minhas vestes íntimas me foram exigidas. E foi ai, nesse ponto, que eu me despi do amor próprio. E sem ele ... sem ele eu já não era ninguém.
Caminhando nua, me sujei. Me sujei de humilhações.
Me feri. Me feri por causa do descaso.
Caminhando nua senti frio. O frio da rejeição.
Caminhando nua senti vergonha. A vergonha do desafeto.
E caminhando nua passeei diante de um espelho. E senti horror, desespero, descrença e... VERGONHA NA CARA.
Em algum lugar desnudo ela ainda existia.


Entrei em alerta. Como fui ficar assim?
Como?
e aí......
E percebi a única peça que ainda existia, que nem peça era. Percebi que meu rosto continuava limpo, e meus cabeços sedosos.
E foi ai que sussuram em meus ouvidos: pelo menos vc ainda tem a soberania. Use-a para sair dessa.

E é isso que lentamente eu faço.

Sou soberana à essa situação, pelo simples fato de ser capaz de absorver o aprendizado que dela posso tirar.
E eis aqui: nunca mais, nada e nem ninguém nessa vida, vai me despir das minhas armas de defesa, que garantem não só o meu bem estar, mas o meu preparo diante desse mundo, covil de cobrar (des) humanas, que na sua grande parte, pouco se importam com o outro. Buscam apenas o seu bel prazer.
Eis aqui a minha soberania.
Ei, eu não te pertenço mais

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