quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Singularidades

Música pra ouvir enquanto lê (obrigatório)


               A maneira de olhar e franzir as sobrancelhas. A cor desses olhos que te olham. O jeito de andar. O som do sorriso, o jeito que as covinhas se formam, os dentes e o formato da boca. O vício de morder os lábios, ou "cabucar-se". 
               O cheiro do perfume na pele, o cheiro do suor dessa pele e o cheiro da respiração - SIM, sai um aroma único de nossos narizes. Os lugares em que sente cócegas ou prazer. As posições em que dorme, o ritual do banho, o ritual para escovar os dentes. As pequenas implicâncias.
A voz. Essa voz quando brinca, quando chora, quando seduz, quando se declara, quando vai partir o seu coração. O gosto do beijo, a textura da língua e dos lábios. As mordidas que dá quando te beija. A maneira que te toca, e a forma como seu corpo reage à isso. A forma como te massageia as têmporas e busca aliviar suas tensões. O jeito que opta por uma escada de incêndio. 
               A conversa íntima entre ferormônios e a química inexplicável. Os sonhos que possui, os gostos por música, por filmes ou artes. As coisas que acha engraçadas. As manias únicas, os detalhes e cicatrizes. A forma como entende o mundo e se faz ser entendido por ele. O jeito que dirige, que segura o volante, ou que recosta a cabeça no banco para ouvir música. As mãos, os caminhos que essas mãos fazem e o proteção que podem fazer sentir. O abraço.
              O modo como te trata, te enxerga, te sente, te ama. Os defeitos que releva, que aceita ou que nem vê. As qualidades que exalta, que aprecia e outras mais que ninguém mais notou, só você. A maneira como abraça o seu coração e o leva a boiar no peito, te faz flutuar na vida, desafiando qualquer gravidade e te colocando no espaço - o espaço de vocês - a bolha
              A expressão quando se preocupa, quando sente medo, quando te quer, quando vai te deixar. O senso de humor, a inteligência, a sagacidade. O jeito quieto ou insano. Aventureiro ou sossegado. O jeito que passa brigadeiro no nariz ou trupica mas não cai na calçada. A entrega, a força, o companheirismo, o apoio, o detalhismo. O amor que oferece, o carinho que doa, os ouvidos que disponibiliza. As chuvas que não se preocupa em tomar. O jeito que faz você se sentir melhor, mais, incrível.
              Ah! Os seres humanos, a vida, as nossas experiências! Quem dera pudéssemos compactar tudo e arquivar, ou encontrar disponível em prateleiras compostos que adicionassem coisas que amamos nas pessoas que convivemos. Utopia! Besteira! 
              Cada pessoa é absolutamente única. Não podemos copiar os trejeitos de ninguém, ou projetar uma pessoa em outra. É impossível substituir, repor, compensar.  E ainda que duas pessoas - sei lá - lambam o prato exatamente da mesma maneira, isso ainda será totalmente diferente aos olhos do mesmo expectador. Não existe o melhor e o pior, existe o jeito singular e próprio de cada um, o mesmo que nos encanta, nos apaixona, nos enfurece ou nos desperta. Ninguém é comparável a ninguém, e não podemos apagar as marcas que as maneiras de alguém imprimem em nossa mente, nos corredores da nossa memória, nos lugares secretos do nosso coração.
               E no fim das contas, você é, você quer e você ama aquilo e aquele(a) de quem você se lembra antes de dormir. 
Jéssica Almeida.









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