sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Sobre mim.



Pela primeira vez em semanas deixo de escrever textos que não saem da minha mente. Eu não os transcrevo em lugar algum. E eu sei bem porque: botar no papel torna tudo real. 
Aliás, nem tudo. "Quero you for sempre" foi pro papel e não virou decreto. Mas, no meu mundo, escrever é como tatuar na alma ou imprimir em letras garrafais o que se passa do lado de dentro, cá no meu interior.
Situações difíceis sempre me levam a pensar sobre mim e sobre minhas limitações. Fico pasma com o paradoxo de que quanto mais complexas elas forem, mais expostas e evidentes ficam minhas fraquezas. Basta dizer que estou me sentindo nua. 
A coisa de que mais me orgulho em mim é ser autêntica e intensa, é o fato de que eu vivo e gosto de viver por inteiro, gosto de me doar e de mostrar minhas intenções claramente. Contudo se houvesse um pouco de superficialidade eu encararia as coisas de maneira muito mais simples e menos dolorosa.  
Nunca procurei 'a minha metade', porque me sinto inteira. 
Sinto de tudo que poderia sentir, medo. Medo de ser esquecida,medo de deixarem de me amar, medo de não fazer a diferença, medo do efêmero,  medo de viver todos os dias fingindo que não me lembro de tudo e medo de viver todos os dias sem lembrar de tudo. Contudo as pessoas ao meu redor me vêem como corajosa, entregue e destemida; parece que nunca lhes ocorreu que ajo bravamente com o intuito maior de evitar esses medos. 
Devem existir por aí meia duzia de excêntricos parecidos, mas a maior parte do tempo me sinto detentora de uma mente que trabalha em outra frequência. 
Por exemplo, já notei que se uma pessoa tem A e B, e A dá errado, costumeiramente atiram-se em B para não ficar sem nada. Não acho que mais vale um pássaro na mão, que dois voando. Acho que dois pássaros voando é preferível do que estar com um na mão que te bica o tempo inteiro.
Eu não consigo, igualmente, cancelar meus sentimentos na velocidade da luz. Eles, se acabarem, minguarão tão lenta e vagarosamente que, te juro, não vou notar quando passar. Viverei tanto tempo com aquela dor que lateja, que quando parar, psicologicamente ainda estarei pensando que dói. Eu amo primeiro com a mente, depois com o coração, e dela as coisas não se apagam de forma leviana, pelo menos não na minha.    
Eu não consigo me enxergar vivendo uma vida imposta, programada e desenhada pra mim. Não quero magoar ninguém, não quero pisar nos outros pra me promover, não quero ter inimigos e não quero decepcionar as pessoas que amo. Mas definitivamente não consigo fugir de um sonho, evitar algo que eu ame. Eu quebro a cabeça até descobrir um caminho que torne tudo possível, eu converso com todas as pessoas que forem necessário, eu penso e repenso, eu aguardo, e eu sei que se for necessário algo estourar, poeiras assentam. Isso provavelmente pode ser catastrófico, não soubesse eu quem eu sou e que a maioria das coisas que eu desejo não agridem a ninguém e que muito claramente só o amor me faz querer que montanhas mudem de lugar.  E eu quero morrer acreditando que isso pode acontecer. 
Eu não desisto primeiro de absolutamente nada que eu ame, por mais difícil que possa ser. Já reparei que não abandonei nenhum barco nas relações -  amorosas, sociais ou familiares. Todas as vezes optei por lidar e tentar administrar, e todas as vezes que as coisas fracassaram eu fui a última a pular no mar, após lutar contra tudo e perceber só depois que já estava sozinha há tempo.  
Por isso descobri algumas peculiaridades à respeito da rejeição: dói de maneira devastadora e amarga, gruda na sua memória feito carrapato, sufoca o peito e tem a capacidade de te machucar como se fosse a primeira e única vez.  
Pela primeira e única vez eu preciso ir ao mar, de novo.  Mas ainda consigo me enxergar sentada no fundo de um barco moído, esperando alguém aparecer e falar que não me abandonou não. 










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