Coração tem peso, sabe?
Pode pesar como uma pluma, como uma pedra, como chumbo.
Depende de onde se está, do que passa na cabeça, da companhia que você tem. Coração pode bater depressa, ele o faz quando uma surpresa nos acomete; também
pode bater devagar, quando a tranquilidade e a malemolência pairam ao nosso redor.
O coração pode bater no peito e ainda assim parecer estar paralisado, ocupando
o tórax, machucando o espaço ao qual supostamente se encaixa.
Coração
que parece suspenso, parado é de fato o pior tipo. Ele fica aqui tornando sua
presença óbvia. Ele sofre por antecipação, amarga a saudade futura, reclama a
falta de coisas que nunca viveu.
Sinto
a ausência do futuro que não tivemos, do abraço que faltou, do cheiro que não
decorei, das risadas que não provoquei, do silêncio não compartilhado, dos
lugares que não fomos. Não sei como posso amargar a perda do que nunca foi meu,
mas eu sei que o meu coração tem o peso de mil elefantes, bate arrítmico,
infeliz, desordenado. Suspenso em meu peito, hora me aperta e me esmaga, hora
me faz sentir em uma queda livre mortal.
Quando
o coração se porta feito animal selvagem, cabe a nós tentar domá-lo
incansavelmente, levar todos os tombos sem desistências e trazer para a cabeça
a árdua tarefa de governar nosso estado de espírito.
O
coração só vai parar de debater-se quando parar de obter a atenção que uma
criança recebe ao dar birra. Será que a
indiferença cala mais rápido um coração atrevido?
Cala-te
boca, coração! Fique pesado, lento, rápido ou mudo, mas saiba que eu vou me fazer
em mil pra mandar em você.
E lá me vem a
queda-livre mortal, meu coração travesso só quer saber de mandar em si mesmo.
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