sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Minha avó era a dama de vermelho


Eu sei que você descansou, Vó. E eu fico grata de que seu sofrimento não prolongou-se mais. Agora fica a saudade, ficam as lembranças reascendidas pelo amargor da perda, fica o amor enorme, fica a angustia de lidar com o luto. Eu sei que você ia querer que eu cuidasse da minha mãe aqui, eu sei que você ia querer que eu fosse forte pra ela. E eu serei. Da mesma forma que eu te disse que queria te dar anos da minha própria vida, queria com minhas mãos arrancar o estrago que te perder nos causa. Mas perder é parte intrínseca do viver, né? Eu queria muito que você pudesse ver meu casamento, minha graduação, meus filhos, minhas rugas. "Ela vai ver tudo isso". Se existisse algum lugar em que é permitido aos entes que se foram ver a nossa vida, eu ainda não me refiro a isso. Queria ver minha vida refletida nos seus olhos, queria chegar em sua casa a qualquer dia, hora ou instante e ter minha lata de doce de leite esperando. Eu sei que acabou. Agridoce é sentir que a melhor coisa que podia ter acontecido agora pra você é o mais pavoroso pra mim. A vida segue, do jeitinho que você ia querer que fosse. A sua Jessiquinha te amará pra sempre, enquanto eu respirar, embora eu tenha certeza que a ausência da sua respiração jamais apagará o amor incrível que você tinha por mim. Você é pra sempre, porque o amor nunca morre. Vá, vá em paz. Descansa, minha avó, a sua neta vai te amar e amar e chorar e rir e gritar e gargalhar e tudo quanto for intenso, assim como você era, é e sempre será para todos aqueles que foram surpreendidos pela sua presença vivida e grandiosa.

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