quarta-feira, 30 de junho de 2010

Escravo da dependência


Esse texto, foi escrito ha muito tempo, no início de 2008.


Tu és o sentimento mais concreto e frágil que pode habitar o homem; és o sentimento firme, forte e delicado que pode nos envolver.
A quem devemos amar?
Nos ensinaste que isso não se escolhe.
A quem devemos dar o nosso amor?
Não importa, se a pessoa errada vir, vai dominar seu coração, por mais escondido que se possa estar. Amor é feito de proibições eternas. É persistente, aparentemente indomável.
Não és tão incontrolável assim; entretanto, conseguiste determinar escolhas capazes de definir o teu rumo em nós.
Rejeite o amor! Sofra, arrependa-se, chore, queira voltar atrás, seja marcado pela lembrança de um amor fracassado, console-se com o sentimento de ter feito a escolha correta, durma em paz; dê sorrisos falsos.
Acolha o amor! Alimente-o, sinta-o crescer no peito, sorria, seja julgado, questionado, condenado. Encontre-se em paz com o seu eu, mesmo que essa paz seja injusta.
O que queremos? O que tu queres de nós?
Já não basta a dor das rejeições passadas, agora tu me invades e me persegues com a tua presença em grande excesso?
Oh Amor!
Jamais lhe compreenderei! Onde estará teu freio, afinal?
Julgo-me incapaz de determinar teu rumo, deixo então, que os trilhos corram soltos, ora rejeitando-o, ora acolhendo-o; reconheço o ciclo vicioso, torno-me assim, escravo da dependência de ti. Ó sentimento de controvérsias, idas, vindas, aconchego e solidão.
O que tu és?
Tu és o sentimento mais concreto e frágil que pode habitar o homem; és o sentimento firme, forte e delicado que pode nos envolver.
Percebes?
Entrego-me ao ciclo, novamente.

3 comentários:

  1. Você como sempre sabendo como usar as palavras, é mágico ler um texto seu. Você é surpreendente, amiga e isso é ainda mais claro quando ser ler seus textos.

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  2. Magnífico! Somos escravos do amor, a sensala são os olhos da pessoa amada, e o senhoril se torna o laço que os une... Divino isso que você escreveu sobre o amor, um diálogo entre o ser humano e o sentimento mais abundante e ao mesmo tempo mais escasso... Muito bom! É bom tê-la de volta... A cultura sente sua falta. Beijos!

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